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Origem Dependente

A Lei Budista da Condicionalidade

por

Venerável P.A. Payutto

Traduzido do Tailandês por Bruce Evans

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Conteúdo:

Introdução

 

1. Uma visão geral da Origem Dependente

Tipos de Origem Dependente encontrados nas escrituras

a. O princípio geral

b. O princípio em funcionamento

 

2. Interpretando a Origem Dependente

O significado básico

 

3. O Homem e a Natureza

 

4. O formato padrão

Os principais fatores

a. Ignorância e desejo-apego

b. Impulsos volitivos e vir a ser

c. Consciência até sensações e nascimento, envelhecimento e morte

 

5. Outras Interpretações

            Definição preliminar

            Como os elos se conectam

            Exemplos

            Um exemplo da Origem Dependente na vida cotidiana

 

6. A Natureza das Contaminações

 

7. A Origem Dependente na Sociedade

 

8. O Ensinamento do Meio

 

9. Rompendo o Ciclo

 

Apêndice

Uma nota sobre como interpretar o princípio da Origem Dependente

Nascimento e morte no momento presente

A Origem Dependente no Abhidhamma

Um problema com a palavra “nirodha”


 

Introdução

O ensinamento da interdependência causal é o princípio Budista mais importante. Ele descreve a lei da natureza existente como o curso natural das coisas. O Buda não era um emissário de mandamentos divinos, mas o descobridor desse princípio da natureza e o proclamador dessa verdade para o mundo.

 

A progressão de causas e condições é a realidade que se aplica a todas as coisas desde o meio ambiente natural, que é uma condição física, externa, até os eventos das sociedades humanas, os princípios éticos, os eventos da vida e a felicidade e sofrimento que se manifestam nas nossas mentes. Esses sistemas de relação causal são parte da mesma verdade da natureza. Nossa felicidade dentro desse sistema natural depende de termos o conhecimento de como ele funciona e de agirmos corretamente dentro dele ao abordarmos os problemas nos níveis pessoal, social e ambiental. Pelo fato de todas as coisas estarem interconectadas e afetarem umas às outras, o êxito em lidar com o mundo consiste em criar harmonia dentro dele.

 

Costuma-se dizer que as ciências, que evoluíram junto com a civilização humana e que influenciam as nossas vidas de maneira tão profunda na atualidade, estão baseadas na razão e na racionalidade. O seu repositório de conhecimentos foi acumulado através da interação com essas leis da condicionalidade. Mas a busca humana pelo conhecimento nos campos da ciência moderna possui três características notáveis: primeiro, a busca pelo conhecimento nessas ciências e a aplicação desse conhecimento estão separadas em categorias distintas. Cada ramo da ciência é distinto dos demais. Segundo, os seres humanos nas civilizações atuais acreditam que a lei da condicionalidade se aplica apenas ao mundo físico, não ao mundo mental ou aos valores abstratos, como por exemplo a ética. Isso pode ser observado até mesmo no estudo da psicologia, que tende a olhar para o processo de causa e efeito apenas em relação aos fenômenos físicos. Terceiro, a aplicação do conhecimento científico (das leis da condicionalidade) é dirigida exclusivamente para satisfazer interesses egoístas. Nosso relacionamento com o meio ambiente, por exemplo, está centrado no esforço de extrair dele tantos recursos quanto possível, com pouca ou nenhuma consideração para com as conseqüências.

 

Por trás de tudo isso, tendemos a interpretar conceitos como a felicidade, liberdade, direitos, independência e paz, de modo a preservar interesses próprios e abusar dos interesses dos outros. Mesmo quando o controle sobre outras pessoas passa a ser visto como uma ação censurável, essa tendência agressiva passa então a ser dirigida em outras direções, tal como o meio ambiente. Agora que estamos começando a compreender que é impossível na realidade controlar outras pessoas ou outras coisas, o único sentido que resta na vida é preservar os interesses próprios e proteger os direitos territoriais. Ao vivermos dessa maneira, com essa compreensão falha e crenças equivocadas, colocamos o meio ambiente em desequilíbrio, a sociedade entra em convulsão e a vida humana fica desorientada, tanto física como mentalmente. O mundo parece estar repleto de conflito e sofrimento.

 

Todas as facetas da natureza – o mundo físico e o mundo humano, o mundo das condições (dhamma) e o mundo das ações (kamma), o mundo material e o mundo mental – estão conectados e inter-relacionados, eles não podem ser separados. A desordem e a anormalidade num setor irão afetar os outros setores. Se quisermos viver em paz, temos que aprender a viver em harmonia com todas as esferas da natureza, tanto internas como externas, o individual e o social, o físico e o mental, o material e o imaterial.

 

Para criar a verdadeira felicidade é da maior importância que não somente reflitamos sobre a inter-relação de todas as coisas na natureza, mas que também nos vejamos com clareza como um sistema de relações causais, como parte da natureza, tornando-nos conscientes primeiro dos fatores mentais internos, em seguida dos fatores das nossas

experiências de vida, da sociedade e por fim do mundo à nossa volta. É por isso que em todos os sistemas de relação causal baseados na lei “Com o surgimento disso, aquilo surge; Com a cessação disto, aquilo cessa,” os ensinamentos Budistas principiam e sempre enfatizam os fatores envolvidos na criação do sofrimento situados na consciência do indivíduo – “porque há ignorância, surgem as formações volitivas.” Uma vez que esse sistema de relações causais seja compreendido no nível interno, estaremos então em posição de ver as conexões entre esses fatores internos e as relações causais na sociedade e no meio ambiente natural. Essa é a abordagem adotada neste livro.

 

Gostaria de expressar o meu reconhecimento à Buddhadhamma Foundation, a Khun Yongyuth Thanapura, que assumiu a responsabilidade de traduzir este livro para o Inglês e também a Bruce Evans que o traduziu tanto com o coração como com a mente, fazendo um número de adaptações de forma a converter um capítulo de um livro extenso em um conjunto abrangente.

 

Que o conjunto de intenções benéficas de todos aqueles envolvidos na produção deste livro sirva para desempenhar um pequeno papel na criação do bem estar, tanto individual como social, no mundo de uma forma geral.

 

P. A. Payutto


 

1. Uma visão geral da Origem Dependente

O princípio da Origem Dependente é um dos ensinamentos Budistas mais importantes e único. Em muitos trechos do Cânone em Pali, ele foi descrito pelo Buda como uma lei da natureza, uma verdade fundamental que existe independente do surgimento de seres iluminados:

 

“Havendo ou não o surgimento de Tathagatas essa propriedade se mantém – essa regularidade do Dhamma, essa ordenação do Dhamma, essa condicionalidade isto/aquilo.

 

“O Tathagata desperta de forma direta para isso, penetra isso. Despertando de forma direta e penetrando isso, ele o declara, ensina, descreve, coloca em movimento. Ele o revela, explica, simplifica e diz,

 

“‘Vejam, da ignorância como requisito necessário surgem as fabricações.'

 

"O que está ali, desse jeito, é a realidade, não o irreal ou alguma outra coisa diferente daquilo que aparenta, condicionada por isto/aquilo. A isto se chama origem dependente." [SN.II.25](SN.XII.20)

 

Os excertos a seguir indicam a importância que o Buda atribuía ao princípio da Origem Dependente:

 

“Quem vê a origem dependente vê o Dhamma; quem vê o Dhamma vê a origem dependente.” [MN.I.191](MN 28)

 

* * *

 

“Verdadeiramente, bhikkhu, um nobre discípulo que é hábil e que compreendeu por ele mesmo, independente da fé em outros, que ‘Quando existe isso, aquilo existe; com o surgimento disso, aquilo surge...’

 

“Quando um nobre discípulo vê dessa forma o surgimento e a cessação do mundo tal como ele é, diz-se que ele é dotado do entendimento perfeito, com a visão perfeita; que ele realizou o verdadeiro Dhamma, que possui o conhecimento e habilidade do discípulo, que entrou na correnteza do Dhamma, que é um nobre discípulo repleto do conhecimento que purifica, aquele que está às portas do Imortal.” [SN.II.79]

 

* * *

 

“Qualquer contemplativo ou Brâmane que conheça essas condições, que conheça a causa dessas condições, que conheça a cessação dessas condições e que conheça o caminho que conduz à cessação dessas condições, esse contemplativo ou Brâmane é digno de ser chamado ‘um contemplativo entre contemplativos’ e é digno de ser chamado ‘um Brâmane entre Brâmanes’ e dele pode ser dito que, ‘Ele alcançou o objetivo da vida de um contemplativo e o objetivo da vida de um Brâmane devido à sua própria sabedoria superior.’” [SN.ll.15,45,129]

 

Nesta conversa com o Venerável Ananda, o Buda o previne para não subestimar a profundidade do princípio da Origem Dependente:

 

“Que incrível! Nunca me havia ocorrido isso antes, Senhor. Este princípio da Origem Dependente, embora tão profundo e difícil de ser visto, no entanto para mim, ele parece tão simples, claro como a luz do dia!”

 

“Não diga isso, Ananda, não diga isso. Esta origem dependente é um ensinamento profundo, difícil de ser visto. É por não entender, não compreender e não penetrar de forma completa este ensinamento que os seres ficam confusos como um novelo embaraçado, como uma bola de cordas cheias de nós, como uma corda de palha puída e não conseguem escapar do inferno dos mundos inferiores e da roda do samsara." [S.ll.92](DN15)

 

Quem já estudou a vida do Buda poderá se lembrar das suas ponderações pouco depois da Iluminação, quando ele ainda não havia começado e expor os ensinamentos. Naquela ocasião, o Buda relutava em ensinar, tal como relatado nas Escrituras:

 

“Eu pensei: ‘Este Dhamma que eu alcancei é profundo, difícil de ver e difícil de compreender, pacífico e sublime, que não pode ser alcançado através do mero raciocínio, sutil, para ser experimentado pelos sábios.

 

“Porém, esta geração se delicia com a adesão, está excitada com a adesão, desfruta da adesão. Para uma geração que se delicia com a adesão, excitada pela adesão, desfrutando da adesão, esta verdade, isto é, a condicionalidade isto/aquilo e a origem dependente são difíceis de serem vistas. E também, é difícil de ver esta verdade, isto é, o silenciar de todas as formações, o abandono de todos apegos, o fim do desejo, desapego, cessação, Nibbana. Se eu fosse ensinar o Dhamma, os outros não me entenderiam e isso seria fatigante, enervante.’” [Vin,I.4; MN.I.167] (MN 26)

 

Esse trecho menciona dois ensinamentos, o princípio da Origem Dependente e Nibbana, enfatizando tanto a sua profundidade como também a sua importância dentro da iluminação do Buda e dos seus ensinamentos.

Tipos de Origem Dependente encontrados nas escrituras

As referências textuais que lidam com o princípio da Origem Dependente podem ser divididas em duas categorias principais. Primeiro, aquelas que descrevem o princípio geral e segundo, aquelas que especificam os fatores constituintes ajuntados numa cadeia. O primeiro formato é com freqüência usado como um esboço geral precedendo o último. O último, encontrado com mais freqüência, é na maior parte das vezes expresso por si só.

 

A última descrição pode ser considerada como a manifestação prática do princípio da Origem Dependente, demonstrando como o processo natural segue o princípio geral.

 

Cada uma dessas duas categorias principais pode além disso ser dividida em dois membros, o primeiro mostrando o processo de origem, o segundo, o processo de cessação. O primeiro membro, mostrando o processo de origem, é chamado de samudayavara. É a seqüência no seu modo para diante e corresponde à segunda das Quatro Nobres Verdades, a causa do sofrimento (dukkha samudaya). O segundo membro, mostrando o processo de cessação, é chamado nirodhavara. É a seqüência no seu modo reverso e corresponde à terceira Nobre Verdade, a cessação do sofrimento (dukkha nirodha).

a. O princípio geral

Em essência, este princípio corresponde àquilo que em Pali é conhecido como idappaccayata, o princípio da condicionalidade.

 

A. Imasmim sati idam hoti:                Quando existe isso, aquilo existe.

Imasuppada idam upajjati:                Com o surgimento disso, aquilo surge.

 

B. Imasmim asati idam na hoti:          Quando não existe isso, aquilo também não existe.

Imassa nirodha idam nirujjhati:        Com a cessação disto, aquilo cessa. [SN.II.28,65]

b. O princípio em funcionamento

A)        Avijja-paccaya sankhara

Da ignorância como requisito necessário surgem as formações.

 

Sankhara-paccaya viññanam

Das formações como requisito necessário surge a consciência.

 

Viññana-paccaya namarupam

Da consciência como requisito necessário surge a mentalidade-materialidade.

 

Namarupa-paccaya salayatanam

Da mentalidade-materialidade como requisito necessário surgem os seis meios (bases) dos sentidos.

 

Salayatana-paccaya phasso

Dos seis meios (bases) dos sentidos como requisito necessário surge o contato.

 

Phassa-paccaya vedana

Do contato como requisito necessário surge a sensação

 

Vedana-paccaya tanha

Da sensação como requisito necessário surge o desejo.

 

Tanha-paccaya upadanam

Do desejo como requisito necessário surge o apego.

 

Upadana-paccaya bhavo

Do apego como requisito necessário surge o vir a ser.

 

Bhava-paccaya jati

Do vir a ser como requisito necessário surge o nascimento.

 

Jati-paccaya jaramaranam

Do nascimento como requisito necessário, então, o envelhecimento e morte,

 

Soka-parideva-dukkha-domanassupayasa sambhavan'ti

tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero surgem.

 

Evametassa kevalassa dukkhakkhandhassa samudayo hoti

Essa é a origem de toda essa massa de estresse e sofrimento.

 

B)        Avijjaya tveva asesa-viraga nirodha sankhara-nirodho

Do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância ocorre a cessação das formações.

 

Sankhara-nirodha viññana-nirodho

Da cessação das formações ocorre a cessação da consciência.

 

Viññana-nirodha namarupa-nirodho

Da cessação da consciência ocorre a cessação da mentalidade-materialidade.

 

Namarupa-nirodha salayatana-nirodho

Da cessação da mentalidade-materialidade ocorre a cessação dos seis meios (bases) dos sentidos.

 

Salayatana-nirodha phassa-nirodho

Da cessação dos seis meios (bases) dos sentidos ocorre a cessação do contato.

 

Phassa-nirodha vedana-nirodho

Da cessação do contato ocorre a cessação da sensação.

 

Vedana-nirodha tanha-nirodho

Da cessação da sensação ocorre a cessação do desejo.

 

Tanha-nirodha upadana-nirodho

Da cessação do desejo ocorre a cessação do apego.

 

Upadana-nirodha bhava-nirodho

Da cessação do apego ocorre a cessação do vir a ser.

 

Bhava-nirodha jati-nirodho

            Da cessação do vir a ser ocorre a cessação do nascimento.

 

Jati-nirodha jaramaranam

cessação do nascimento, então, o envelhecimento e morte,

 

Soka-parideva-dukkha-domanassupayasa nirujjhan 'ti

tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero cessam.

 

Evametassa kevalassa dukkhakkhandhassa nirodho hoti

é a cessação de toda essa massa de sofrimento e estresse. [Vin.I.I-3; SN.II.l,65] (SN XII.2)

 

Observe que este formato trata o princípio da Origem Dependente como o processo do surgimento e cessação do sofrimento. Esse é o fraseado mais comumente encontrado nos textos. Em alguns lugares, ele é apresentado como o surgimento e a cessação do mundo, usando as palavras em Pali, ayam kho bhikkhave lokassa samudayo – “Essa, bhikkhus, é a origem do mundo,” e ayam kho bhikkhave lokassa atthangamo – “Esse, bhikkhus, é o fim do mundo” [SN.II.73] (SN.XII.44); ou emamayam loko samudayati – “Assim este mundo surge;” e emamayam loko nirujjhati – “Assim este mundo cessa” [SN.II.78]. Ambos fraseados têm na verdade o mesmo significado, o que ficará claro uma vez que os termos sejam definidos.

 

Nos textos do Abhidhamma e nos Comentários o princípio da Origem Dependente também é conhecido como paccayakara, referindo-se à natureza interdependente das coisas.

 

O formato ampliado, mostrado acima, contém doze fatores ligados de forma interdependente como uma cadeia. Não possui início nem fim. A colocação da ignorância no início não indica que esta seja a Primeira Causa, ou Gênesis, de todas as coisas. A ignorância é colocada no início apenas para efeito de visibilidade, detendo o ciclo e estabelecendo um ponto de início no ponto considerado mais prático. Somos na verdade avisados a não tomar a ignorância como a Primeira Causa com a seguinte descrição do surgimento condicionado da ignorância - Asava-samudaya avijja-samudayo, asava-nirodha avijja-nirodho – a ignorância surge com o surgimento das impurezas e cessa com a cessação destas. [MN.I.55](MN 10)

 

Os doze elos do formato padrão do princípio da Origem Dependente são contados apenas da ignorância até o envelhecimento e morte. Quanto à ‘tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero’, esses são na verdade subprodutos do envelhecimento e morte, para quem possua impurezas (asava) e contaminações (kilesas), que se tornam o ‘fertilizante’ para o futuro surgimento de impurezas e por conseqüência da ignorância, que mais uma vez gira o ciclo.

 

O Buda nem sempre descrevia o ciclo de Origem Dependente em um formato fixo (do começo ao fim). O formato ampliado era empregado nos casos em que ele estava explicando o princípio de forma geral, mas quando ele estava abordando um problema em particular, com freqüência ele aplicava o formato em ordem reversa, assim: envelhecimento e morte <= nascimento <= vir a ser <= apego <= desejo <= sensação <= contato <= seis meios dos sentidos <= mentalidade-materialidade <= consciência <= formações <= ignorância [SN.II.5-11 ,81] (SN.XII.20, XII.65). Em outras descrições ele poderia começar num dos fatores intermediários, dependendo do problema em questão. Por exemplo, ele poderia começar com o nascimento (jati) [SN.II.52](SN.XII.68), sensação (vedana) [MN.I.266] (MN 38), ou  consciência (viññana) [SN.II.77] (SN.XII.44), seguindo os passos para diante até envelhecimento e morte (jaramarana), ou regressando para chegar na ignorância (avijja). Ou ele poderia começar com um fator totalmente distinto dos doze elos, que depois era inserido na cadeia da Origem Dependente.

 

Um outro ponto digno de menção é que a origem dependente desses elos não tem o mesmo significado de ‘ser causado por’ como tal. Os fatores determinantes que fazem com que uma árvore cresça, por exemplo, incluem não somente a semente, mas também o solo, a umidade, o fertilizante, a temperatura do ar e assim por diante. Esses são todos os fatores ‘determinantes’. Além disso, ser um fator determinante não necessariamente implica uma ordem seqüencial no tempo. Por exemplo, no caso da árvore, os vários fatores determinantes, como a umidade, a temperatura, o solo e assim por diante, precisam existir em conjunto, não em seqüência, para que a árvore se beneficie. Além disso, alguns fatores determinantes são interdependentes, cada um condicionando a existência do outro, como por exemplo, um ovo é uma condição para uma galinha, enquanto que uma galinha é uma condição para um ovo.

 

2. Interpretando a Origem Dependente


 

Referências: As referências aos suttas entre colchetes seguem a numeração adotada na versão do Tipitaka em Pali publicada pela Pali Text Society. A referência entre parêntesis segue a numeração adotada no Acesso ao Insight.

 

AN = Anguttara-nikaya

DN = Digha-nikaya

Dh = Dhamrnapada

Dhs = Dhammasangani

It = Itivuttaka

J = Jataka

MN = Majjhima-nikaya

Ndl = (Maha-) Niddesa

Nd2 = (Cula-) Niddesa

SN = Samyutta-nikaya

Sn = Suttanipata

Ud = Udana

Vbh = Vibhanga


Revisado: 21 Dezembro 2002